segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Simone de Beauvoir-Do Eterno Feminino à Condição Feminina


"Não nascemos, mas sim nos tornamos mulher". Para Simone de Beauvoir impunha-se a necessidade de superar o "eterno feminino", visão que enclausurava e manietava a mulher, para a "condição feminina". Nesta altura, 1949, esta brava "guerreira" pelos direitos da mulher, mostrava a situação de opressão e de dependência que as mulheres viviam há séculos. Apesar dos avanços da sociedade moderna ainda estavam longe de serem abolidos, como nós podemos constatar até aos nossos dias.
Num Ensaio de dois volumes, livro que estou a ler, nestas férias , "Le Deuxiéme Sexe", 1949S, Simone de Beauvoir condena o papel submisso e de inferioridade a que as mulheres estavam sujeitas, numa luta de justiça e direitos de igualdade para com as mulheres. Como verificamos passados tantos anos, a luta continua e nunca é demais ser recordada.
"Os dois sexos jamais partilharam o mundo da igualdade, e hoje em dia ainda, se bem que a condição evoluiu, a mulher ainda fica muito atrás. Praticamente em nenhum país a sua posição legal é idêntica a do homem, havendo sempre uma desvantagem considerável. Ainda que os seus direitos sejam abstratamente reconhecidos, um longo hábito impede que eles se encontrem nos meios e nas expressões concretas. Economicamente, homens e mulheres constituem praticamente duas castas(...) os primeiros encontram-se em situações mais vantajosas, com os salários mais elevados, com maiores chances sobre suas concorrentes de data mais recente. Além dos poderes concretos que eles possuem, eles encontram-se revestidos de um prestígio que desde a educação infantil mantém a tradição. As atribuições do casamento assomam-se bem mais pesadas para a mulher do que para o homem(...); as servidões da maternidade reduziram-se pelo uso confessado, ou ainda clandestino, do controle dos nascimentos, mas a prática não se expandiu universalmente nem foi rigorosamente aplicada. Os cuidados das crianças e as exigências do fogão ainda são assumidas quase que exclusivamente pela mulher. Ainda que as elas trabalhem nas usinas, nos escritórios, nas faculdades, continuam a considerar que para elas o casamento é uma carreira das mais honoráveis o que as dispensa de qualquer outra participação na vida coletiva." (Beauvoir, 1949).

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